Transformar lama em ouro

É nisto que a rede NEREUS está a trabalhar no âmbito do projecto ECOVAL. Ecoval Sudoe está a desenvolver um método para a extracção de moléculas de alto valor acrescentado, Ácidos Gordos Voláteis (VFAs), a partir de lodo processado. O objectivo do projecto NEREUS é testar um processo de extracção e purificação de VFAs a partir de lamas que lhes são enviadas pelo coordenador CETAQUA. Este processo deve ser economicamente viável e cumprir as especificações do mercado. Para além desta dupla restrição, existem barreiras legais relacionadas com a recuperação de bio-resíduos e lamas provenientes de estações de tratamento de águas residuais. É por isso que o projecto Ecoval Sudoe tenta ir para além do que está estabelecido.

 

Extrair, higienizar, filtrar e concentrar
NEREUS desenvolveu uma planta piloto dinâmica de nanofiltração com três grandes vantagens: extrai as moléculas de interesse das lamas orgânicas, garante a sua higienização e filtra a baixos custos energéticos. Após esta primeira fase de filtragem, são aplicados processos de concentração para atingir o objectivo desejado.

A matéria orgânica residual é ainda mais valorizada na INSA Toulouse para a produção de energia e através do estudo de aplicação da terra na Fundación Patrimonio Natural de Castilla y León.

O contentor castanho chega às escolas de Ourense por intermédio do projeto Ecoval Sudoe

O projeto Ecoval Sudoe, Estratégias de coordenação de gestão e valorização de lamas e resíduos orgânicos na região SUDOE, entra este ano de 2022 numa nova fase. Depois de demonstrada com êxito a tecnologia de conversão de lamas de tratamento em ácidos gordos voláteis, compostos que servem como matéria-prima na indústria química e petroquímica, a Estação de Tratamento de Água Residuais (E.T.A.R.) de Ourense mudará agora de matéria-prima para revalorizar resíduos orgânicos recolhidos seletivamente, que serão provenientes dos contentores recentemente instalados na escola de Seixalbo, Ourense.

O refeitório da escola converte-se assim em fornecedor da matéria-prima com a qual a instalação piloto operará, tendo em vista obter ácidos gordos voláteis. Desta forma, o centro também se envolve na campanha de educação ambiental  “Outro contentor, que castanho!”, cujo objetivo consiste em consciencializar os mais jovens para a importância da separação correta dos resíduos, com ênfase no quinto contentor e nas características dos resíduos orgânicos.

Representantes da Cetaqua, líder do projeto, acorreram pessoalmente ao centro para assentarem as bases da colaboração e efetuarem uma palestra divulgativa, dirigida ao pessoal do refeitório, sobre quais os tipos de resíduos que devem ser depositados no contentor castanho. Juntamente com a Cetaqua, também assistiram representantes do Concelho de Ourense e de Viaqua, sócios associados do projeto, que apoiam e impulsionam a iniciativa, posicionando a cidade de Ourense, e em especial a sua purificadora, como uma referência absoluta na aposta no desenvolvimento de tecnologias verdes e na economia circular.

Castela e Leão, representada no projeto através da Fundação Património Natural, juntamente com a Câmara Municipal de Palência e Aquona, que também apoiam a iniciativa, também se envolverão no fornecimento de resíduos orgânicos através de escolas, para consciencializarem para a importância dos cuidados com o meio ambiente e impulsionarem igualmente o modelo de biofábricas.

Importância do enfoque Ecoval

Na região Sudoe, que abrange as comunidades autónomas espanholas (exceto Canárias), as regiões do sudoeste da França, as regiões continentais de Portugal, Gibraltar e o Principado de Andorra, cada indivíduo gera 136 kg de resíduos orgânicos por ano. Alcança-se assim a geração de 11 milhões de toneladas de resíduos orgânicos anuais, 9 dos quais são restos de comida. Atualmente, 65% destes resíduos orgânicos são incinerados ou depositados em aterro, devido a uma baixa implantação da recolha seletiva.

Desde o seu início em novembro de 2020, o projeto Ecoval prepara o terreno para a chegada do contentor castanho que, em fins de 2023, deverá estar implantado em todas as cidades europeias. Graças ao enfoque promovido pelo projeto, os biorresíduos serão devolvidos ao ciclo económico, contribuindo para o objetivo fixado pela União Europeia de reciclar 65 % dos resíduos municipais até ao ano de 2035.

Além dos sócios previamente referidos, participam neste desafio a Universidade de Santiago de Compostela, a Fundação Empresa-Universidade Galega, o Instituto Nacional de Ciências Aplicadas de Toulouse, Nereus, Águas do Tejo Atlântico e a Empresa Municipal de Ambiente do Porto. O consórcio, cofinanciado pelo Programa Interreg Sudoe através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional conta, além disso, com o apoio de 31 sócios associados.